segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Guerra de trincheiras: o inferno






     - "Queridos pais, escrevo-lhes estar carta para dizer-lhes que o seu filho ainda esta vivo, após uma séride de ataques e defesas nesta guerra de trincheiras ,lama, ratos e gases.
      Não vejo a hora que este conflito maldito termine, para que eu possa retornar a nossa casa, e assim revê-los novamente, comer a saborosa comida de minha mãe, ter as longas conversa com meu pai, e dormir tranquilamente na velha e macia cama, no qual eu não durmo á 2 anos.
      Por aqui as coisas vão a mesma, quando não estamos em ataque dos inimigos, chuvas de bombas e rajadas de metralhadoras, passamos o tempo lendo, conversando e matando os malditos ratos que rondam nossa trincheira. Certo dia o nosso sargento matou uns 17 ratos que ficavam entrando só no  alojamento subterrâneo dele, meus colegas de luta lhe disseram que era uma família faminta que mudou-se para lá atrás de queijo, no qual o nosso sargento comia todos os dias um pedaço.
      Quando não há tranquilidade, há o desespero na defensiva contra os inimigos e o nosso avanço sobre eles, morreram muitos bons homens em dias como esses. Todos os dias peço a Deus para terminar com este inferno no qual milhares de nossa pátria e os outros combatentes no qual enfrentamos, não importando quem sairá vencedor.
      Peço para que orem por mim, para que eu possa sair vivo desta maldita vida, para assim retornar em segurança até vocês........."


      O relato acima não é verdadeiro, mas ele serve como um exemplo de como se vivia um soldado em meio as agoniantes trincheiras da Grande Guerra (1914-1918).
      As trincheiras foram utilizadas em grandes precursões no fronte ocidental (Bélgica e França) e no fronte italiano, no qual serviram para transformar a guerra em uma total agonia, cujas novidades eram: Atacar e Ataque do Inimigo. Na Russia por exemplo, devido ao solo do cáucaso por ser um tanto duro, houve pequenos casos em que o exercito do czar utilizou trincheiras contra os alemães e austro-húngaros.
      Mas afinal, qual foi o propósito das trincheiras?
      Dizem que as trincheiras vem desde a antiguidade, porem elas somente foram reutilizadas entre os séculos XVI e XVII, no qual o uso da pólvora como arma utilizados nos primeiros mosquetes, serviu para proteger os chamados mosqueteiros em guerras de avanço rápido. Dizem que o rei Luis XIV utilizou a estratégia trincheiras com mosqueteiros nas gurras no qual lutou.
Esquema de trincheira na Grande Guerra de 1914
      Houve inúmeras ocasiões do uso desta estratégia, entre as mais recentes foi a Guerra Civil Americana (1861-1865), seguida da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), no qual a metralhadora surgiu para reivindicar o seu poder de fogo na proteção das trincheiras.
      Para montar uma levava-se um bom tempo, isso porque era necessário primeiro a utilização de algo que dificultasse a locomoção dos combatentes em campo de batalha: o arame farpado que surgiu para enroscar os soldados, mantendo-os presos para assim facilitar a morte por tiros, ou pelos cortes profundos que provocava.
      Depois bastava os combatentes colocarem mãos á obra ao escavarem o chão, fazendo quilômetros e quilômetros de buracos, cuja profundidade fosse o suficiente para caberem lá dentro. Utilizavam pedaços de madeira ou toras de arvores nas paredes da trincheira, para assim evitar desmoronamentos. Quando estava quase concluída, bastava agora os toques finais: colocar sacos de areia no todo das trincheiras, escadas para que os soldados subissem na hora de avançar contra o inimigo, montar as metralhadoras, fazer alguns abrigos subterrâneos para servirem de moradia aos capitães e oficiais, ou serviam como armazenamento de bombas, armas, munições, alimentos e armas.
      Os ingleses foram os primeiros a utilizarem esta estratégia, deixando assim os alemães surpresos na hora dos combates. Porem entre Outubro e Novembro de 1914, os alemães perderiam parte de seu tempo na construção das suas linhas de defesa (trincheiras) que se tornariam impenetráveis durante boa parte da guerra.
      A Grande Guerra (1914-1918) ficou caracterizada pela chamada Guerra de Trincheiras, divido ao extremo uso desta estratégia por quase todas as nações envolvidas na conflito, no qual milhares de soldados morriam só para conquistar pequenas faixas de terras de poucos quilômetros (entre 1 quilometro e meio).   Os combatentes apelidaram na guerra o espaço entre as trincheiras de "Terra de Ninguém", pois lutariam entre si para saber a quem pertenceria aquele território.
       Com os combates, muitas vezes não havia como socorrer todos os feridos ou remover os mortos do lugares onde tombaram na trincheira, por isso os combatentes viviam sempre acompanhados de seus ex-parceiros de luta mortos, que permaneciam ali até entrar em decomposição, no qual o cheiro era extremamente insuportável, que facilitava a propagação de doenças.
      Mais adiante veremos os meios encontrados pelos soldados para evitarem os horrores das mortes causadas nas guerras de trincheiras........ 


Peço para que leem este poema no qual peguei no site: 
http://persefone-hades.blogspot.com.br/2008/12/trincheiras.html

Trincheira


Chão pesado, pesado chão entre trincheiras
do vermelho por entre verdes
agonia deste odor.

Chão pesado, pesado chão entre trincheiras
de um coração que pulsa
rodeado de estilhaços de aço.

Chão pesado, pesado chão entre trincheiras
sem aviso voa mais uma granada
macula o verde que resta.

Chão pesado, pesado chão entre trincheiras
no mais refinado perfume
sinto o cheiro do homem.


Fortificação alemã na terceira batalha de Yprês (França)





domingo, 16 de setembro de 2012

Soldados Rumo ao fronte: os russos
Солдаты К лоб: русские

Tropas do Império Russo em treinamento


      Final de Julho de 1914, em socorro á Sérvia que estava sendo ameaçada por uma declaração de guerra feita pelo Império Austro-Húngaro, o Czar (Imperador) Nicolau II da Russia declarou a mobilização das tropas russas que deveriam partir rumo as fronteira do Império Alemão (Prússia Oriental) e da Áustria-Hungria.
      O Império Alemão se sentindo ameaçado na sua fronteira oriental, declarou guerra ao Império Russo em 1 de Agosto de 1914, concentrando um pequeno exercito na Prússia Oriental, pois o Kaiser sabia que os russos demorariam um tempo para conseguirem um numero razoável de soldados para uma guerra. Isso porque no inicio do século XX, a população russa era de 170.000.000 pessoas, espalhadas em 8 milhões de quilômetros quadrados do Império Russo.
      Mas primeiro, vamos entender o porque do socorro dos russos aos sérvios, sendo que a Russia se encontra á uma boa distância geograficamente da sérvia.

Um acordo de 1878



      Até 1875, o Império Turco Otomano (no qual veremos mais adiante) tinha seu domínio territorial que expandia desde a chamada Ásia Menor (atual Turquia), Oriente Médio, Algumas faixas territoriais no Norte da África, e principalmente nos Bálcãs. Porem em 1876, alguns principados de domínio turco-otomano como Sérvia, Montenegro e Romênia teriam se revoltado, iniciando uma série de conflitos contra seus conquistadores, que lhes permitiu a independência em 1878.

      Mas esta independência somente foi conquistada devido a interferência do império Russo e Austro-Húngaro no conflito contra o Império turco-Otomano. Os russos somente se interferiram no conflito com intenção de livrar os Bálcãs dos turcos, e assim expandir seu território até a região e obter acesso ao Mar Mediterrâneo, e a Áustria-Hungria com acordos secretos com o Czar russo, pretendia obter uma fatia da península (Bálcãs).
     Em 3 de março de 1878, o Império Turco-Otomano reconhece a independência da Sérvia, 
Montenegro, Romênia e autonomia por parte da Bulgária , após assinar o Tratado de Santo Estêvão que pôs fim a guerra entre turcos e russos.

     A Áustria-Hungria fracassou no conflito devido aos suas frustradas operações militares, e a Russia que saiu vitoriosa não pode conquistar os Bálcãs, devido a ameaçada das potências como França e Grã-Bretanha lhe declararem guerra. A unica coisa que a Russia conseguiu foi um acordo de auxilio de ajuda em caso de guerra, e influência cultural na região. 

Caso de Família


Jorge V (Grã-bretanha), Guilherme II (Alemanha) e Nicolau II (Russia)

      Como na postagem anterior (Soldados rumo ao fronte: os britânicos), o Kaiser Guilherme II do Império Alemão era primo do Rei Jorge V do Reino Unido, que por coincidência eram também primos do Czar Nicolau II da Russia, isso porque seus mães eram irmãs (filhas da rainha Vitória do Reino Unido). Alguns costumam dizer que a Primeira Guerra Mundial foi um conflito entre primos.
      Dizem que o Kaiser Guilherme II se correspondeu com o Czar Nicolau II, com intenção de se evitar a guerra, tentando convencer a Russia a deixar a Sérvia de lado contra a Áustria-Hungria, e se em caso fizesse isso, o Império Alemão não se interveria no conflito.
      Mas como os imperadores não governam sozinhos, pois vivem rodeados de ministros que os lembram a todos os momentos dos antigos pactos feitos por seus antecessores governamentais com outros países, o único jeito é aceitar as suas opiniões para assim não demonstrar ao povo, que seu soberano obedece ordens de outro país. As correspondências trocadas entre eles não adiantou nada, foi declarado guerra do mesmo jeito.

Atraso militar russo

      
      Embora o numero de soldados fosse grande no Império Russo (devido a sua extensão geográfica), seu exercito estava um tanto atrasado em questão de armas, isso devido ao regime semi-feudal absolutista adotado pelo Czar para governar o pais, tornou a Russia um país agrário (89 % da população era camponesa) e sofreu apenas uma pequena influencia industrial.
      O único armamento moderno obtido no arsenal russo foi vendido pelos britânicos, franceses e alemães ao Czar que pretendia tornar o seu exercito um dos mais poderosos que a Europa já viu. Mas nada adiantou, principalmente na fracassada luta dos russos na Guerra Russo-Japonesa 91914-1905), no qual a Russia saiu derrotada pelos exércitos e marinha do Japão (pela primeira vez uma nação oriental vence a européia).
      A partir dai o constrangimento tomou conta das forças armadas do Czar, que passariam a organizar protestos por melhorias, que resultariam no apoio as idéias comunistas influenciadas por Vladimir Ilitch ou mais conhecido como Lenin, que aproveitou o apoio militar no golpe de derrubaria o Czar da Russia em 1917.

Desenho japonês representando a derrota russa na Guerra Russo Japonesa (1914-1915)

Soldado russo: uniforme


      O exercito russo não sé dependia da infantaria, mas também de um bom corpo de artilharia ,e a obrigatoriedade do uso da cavalaria, já estava obsoleta para uma guerra de metralhadoras, granadas e trincheiras.
      Uma das unidades mais famosa das forças armadas russa eram os cossacos, conhecidos como a guarda pessoal do Czar, caracterizados por homens cujo cabela, barba e bigode são compridos, alguns os descrevem como horríveis com seus olhos esbugalhados e dentes amarelados, cujas roupas eram pesadas. Tinham a função de andar a cavalo, armados com espadas ou lanças ,e armas de fogo como rifles e revolveres.
      A infantaria russa se destacava com sues uniformes de coloração beje ou verde grama, para assim melhor camuflagem das unidades em combates, pois no fronte oriental (frente de Batalha na Russia)houve pequenas ações de trincheiras, cabendo aos russos combates abertos em campos de batalha.
      Suas armas eram fuzis Mosin-Nagant modelo 1891, revolveres Nagant Obrazets 1895 ou Mauser C96 (alemã), granadas Mills (fabricação britânica), auxiliados por metralhadoras Maxim-Sokolov e carros blindados Austin Série 1 (fabricação britânica).
      Mas devido ao pouco preparo das tropas, a Russia foi a nação que mais saiu prejudicada na Primeira Guerra Mundial, devido ao grande numero de seus soldados mortos os capturados, que permitiu aos alemães o livre acesso ao território russo sem encontrar uma unica grande resistência por parte de seus militares. O Império Austro-Húngaro foia a unica nação que permitiu aos russos algumas grandes vitórias.
      Embora a Russia venha a sair da Grande Guerra em 1917 devido a revolução bolchevique (no qual a Russia saiu como derrotada perante a Alemanha e Áustria-Hungria), levara um tempo para que seus soldados adotem equipamentos modernos como mascaras contra gases, capacetes, lança-chamas, protetores corporais a prova de balas, etc.Mas isso veremos com o decorrer das postagens..............
Infantaria russa



Cossacos russos










     























Mais informações nos livros:

Men at Arms séries: The Russian Army 1914-1918
Escrito por Nik Cornish e ilustrado por Andrei Karachtchouk

Men at Arms séries: The Russo-Japonese War 1904-1905
Escrito por Alexei Ivanov & Philip Jowett e ilustrado por Andrei Karachtchouk


sábado, 15 de setembro de 2012

Soldados Rumo ao fronte: os britânicos
Soldiers Towards the forehead: the British


Soldados ingleses alistados no Exercito Britânico em 1914


Explicações


      Em 1914 já era esperado uma luta que envolvesse primeiramente o Império Austro-Húngaro contra a Sérvia e Russia (que prometeu auxiliar os sérvios em caso de guerra), e Alemanha (pacto de aliança com os austríacos) contra a França (em socorro dos russos). Mas o porque da entrada da Grã-Bretanha na guerra ao lado dos franceses, que por acaso foram os seus rivais por séculos? Voltemos a Revolta Belga de 1930, citado na postagem anterior (Soldados Rumo ao fronte: os belgas) para que assim possamos entender o porque da entrada dos britânicos na Grande Guerra de 1914 á 1918.
      Após os belgas conquistarem a sua independência em 1830, a Conferencia realizada em Londres no ano seguinte 91831) permitiu a Grã-bretanha a ser o primeiro a reconhecer a independência da Bélgica, em troca os belgas teriam assinado um acordo com os britânicos de ajuda e auxilio em caso de guerra. Porem os belgas declararam que permaneceriam sempre na posição neutra, no qual não apoiaria ninguém em caso houvesse um conflito armado.
      E como já visto na postagem anterior, os alemães desrespeitaram a neutralidade da Bélgica, que teria levado os britânicos a se aliarem aos franceses na luta contra os alemães e seus aliados na guerra, porem sabiam que a casa real alemã vinha de origem inglesa?
      O rei Frederico III da Prússia (casa dos Hohenzollern) foi casado com a Princesa Vitória do Reino Unido, no qual o casamente resultou em oito filhos, no qual um deles é o próprio Kaiser Guilherme II da Alemanha, que por outra coincidência era primo do monarca britânico Jorge V, que reinava a Grã-bretanha neste período.

Afinal, acordo é acordo, e  guerra é guerra


      As questões familiares foram deixadas de lado, e o apoio britânico foi dado de garantia aos belgas que estavam prestes á ser atacados pelos alemães a qualquer momento. Porem no dia 3, tropas alemãs já estavam cruzando a fronteira da Bélgica, lutando sem parar com a heroica resistência belga, tem tentava ao máximo impedir o avanço do invasor.
      Por isso, um ultimato foi enviado pela coroa britânica ao Kaiser alemão, exigindo a retirada das tropas alemãs do território belga de forma imediata, em caso não cumprisse as ordens, a grã-bretanha apoiaria a Bélgica e seus aliados contra o Império Alemão. E como já se previa, o ultimato não foi cumprido, levando os britânicos a guerra, em socorro á Bélgica.
      Primeiramente os britânicos planejavam juntar um certo numero de soldados (que veremos a seguir) e equipamentos, e assim transporta-los pelo Canal da Mancha até a região portuária de Flandres na Bélgica, porem a rápida investida alemã, obrigou-os a mudar os planos de desembarque nos portos franceses ,no qual o próprio exercito francês poderia ajuda-los nos ataques futuros. Estava ai uma garantia de aliança entre Grã-Bretanha e França na chamada Entente Cordiale, que existia desde 1904 ,e que agora estava mais reforçada.

Recrutamento


Jovens aguardando para serem recrutados,
após o apelo de Kitchener


      Coma declaração de guerra, o governo britânico ordenou que fosse abertas cedes das forças armadas britânicas (exercito e marinha) em todos os bairros, das cidades, vilas, vilarejos e aldeias espalhadas por todo não só por todo o Reino Unido (Inglaterra, Gales, Escócia e Irlanda), mas também nos territórios abrangentes do Império Colonial Britânico espalhados na Ásia, África e Oceania.Entre os dias 4 e 8 de Agosto, compareceram certa de três á cinco jovens em cada cede de recrutamento.
      Passou assim o primeiro fim de semana da guerra, mas na segunda-feira, dia 10 de agosto de 1914, quando os assessores do exercito estavam para chegar nos gabinetes de recrutamento, encontraram á sua frente filas enormes de jovens entre 18 e 24 anos, um tanto empolgados para se alistarem e assim partirem para lutar na guerra. Acredita-se que o apelo feito pelo marechal-de-campo Horatio Herbert Kitchener (mais conhecido por Lord Kitchener) tenha funcionado em questão de apelo aos jovens para servirem nas forças armadas.

O exercito britânico: a questão do uniforme



      Antes esmo de 1914, o exercito britânico já tinha colocado de lado o uso do uniforme de coloração vermelha, cuja origem vem desde o século XVII e sua aposentadoria foi no final do século XIX. A cor vermelha foi extremamente utilizada pelos britânicos, servindo como sinal de respeito a nação e cuidado com o seu exercito, porem permitiu que as tropas fossem facilmente reconhecidas em campos de batalha.
      Um exemplo foi na África do Sul em meio a Primeira Guerra dos Bôers (1880-1881), no qual era facilmente visível os soldados britânicos com seus uniformes vermelhos tentando se camuflar em meio ao solo africano. A partir da Segunda Guerra dos Bôers (1899-1902) o uniforme utilizado variava entre a cor beje ou marrom claro, para melhor camuflagem do combatente em meio ao solo.
     A partir dai, os britânicos adotaram esta coloração como oficial para o seu exercito, deixando o vermelho como cor oficial da guarda pessoal do rei (que existem até hoje em Londres, que protegem o palácio de Buckingham) e para ser utilizado pelas tropas em desfiles.
      O uniforme de um soldado britânico era a sua farda, calças e meias de coloração entre beje e marrom claro, botas ou sapatos, um quepe (cor combinada ao uniforme) sob a cabeça do combatente, cinto e mochila nas costas, contendo nela um cobertos, algumas pequenas ferramentas (martelo, mini pá), talheres, munições, etc.
      O arma preferida do combatente britânico durante a guerra, foi o rifle Lee Enfield de três variações (Mark I, II e III), e para os oficiais um revolver Webley Mark V e uma espada (obrigatório), alem de  granadas (Mills), e metralhadoras (Lewis e Vickers).
      entretanto em 1916 com os horrores da guerra em questão do avanço bélico e número de mortes, os britânicos também adotaram um modelo de capacete de aço (conhecido como "bacia de barbeiro" devido o seu formato), utilizaram equipamento corporal a prova de balas, e criaram a primeira mascara a prova de gases, mas estes detalhes vamos falar mais adiante.....aguardem




Trajes típicos do Reino Unido em 1914
Trajes típicos do Reino Unido em 1914


      

   


















As imagens acima foram retiradas do livro:
Men at arms series: The British  Army in World War I (1) The Western Front 1914-1916
escrito por Mike Chapell

Soldados Rumo ao fronte: os bélgas
Vers les soldats du front: Les Belges
Gegen die Stirn Soldiers: Die Belgier
Tegen het voorhoofd Soldiers: De Belgen


Tropas Belgas aguardam para atacar


A Neutralidade

   
     Em 1 de Agosto de 1914, o Kaiser Guilherme II da Alemanha envia uma carta ao rei Alberto I da Bélgica, pedindo um favor: que deixe as tropas alemãs cruzarem o território belga, para assim surpreender os franceses numa invasão surpresa pelo nordeste (Plano Schlieffen-1906) do país, no qual a Bélgica não sofreria qualquer dano material ou pessoal.
       O rei Alberto I após ser a carta, teria dito: 
     -"Quem ele pensa que eu sou para deixar seus exércitos passarem? A Bélgica não é um simples quintal ou jardim, no qual todos podem andar nele livremente. Eu governo uma nação, e não uma estarda!".
       Mas o porque desta atitude por parte de Alberto i, sendo que o Kaiser apenas lhe pediu este pequeno favor?
       Em 1830 ocorria na Bélgica uma revolução contra o domínio holandês, que por acaso tentava impor o idioma neerlandês como oficial e a orientação da igreja protestante no ensino entre os belgas. Uma insurreição em Bruxelas levou a conquista da Independência da Bélgica, que foi reconhecida na Conferência de Londres em 1831, porem  os Países Baixos somente reconheceram a sua independência em 1839, após frustradas tentativas de invasão.
        Mas o que a independência da Bélgica tem haver com a neutralidade de 1914?
    Na Conferência de Londres, os belgas não só assinaram a sua liberdade por parte do domínio neerlandês, mas também deixavam claro a neutralidade de seu futuro país, em caso houvesse uma guerra. Os belgas não lutariam nem num lado, e nem no outro, somente lutariam em caso de invasão e desrespeito a neutralidade. Embora a Bélgica faça fronteira entre duas nações rivais, ou seja a França e Alemanha, nunca apoiou uma e nem outra, este sempre neutra desde 1830.

Desrespeito á neutralidade

 
    Sem haver uma resposta positiva por parte do rei belga, o Kaiser ordenou que suas tropas se concentrassem nas regiões de Alsácia, Lorena e a fronteira com a Bélgica ,e que lá aguardassem, pois se não houvesse resposta até o tempo determinado (2 dias), não haveria reconhecimento de neutralidade por parte da Bélgica, mas sim de aliança com os franceses.
      Aguardaram até o dia 3 de Agosto, que sem haver uma resposta por parte de Alberto I, foi dada a ordem de invasão (por parte dos alemães) em solo belga, quebrando uma neutralidade que durou aproximadamente 84 anos.

O Plano Schlieffen em 1905, no qual os alemães
pretendiam invadir a França pelo nordeste, cruzando o território
neutro da bélgica

Resistência dos belgas

     
        Embora saibamos mais sofre as ações dos soldados alemães, franceses e ingleses na Primeira Guerra Mundial, foram os belgas o primeiro obstaculo encontrado na guerra. O Kaiser achava que as forças belgas caíssem facilmente perante o numerosos e indestrutível exercito alemão que agora invadia o seu território.
        Os belgas utilizaram diversos métodos para impedir as ações do invasor, como por exemplo lutaram em barricadas nas ruas das cidades, fizeram as primeiras trincheiras a serem utilizadas na guerra, desviaram curso de rios para evitar a passagem do inimigo em meio a água e lama, e um dos obstáculos mais difíceis já encontrados pelos alemães na Bélgica: os 25 fortes na região da Antuérpia.
       O cerco a Antuérpia durou de 25 de agosto á 10 de Outubro, no qual o exercito imperial alemão somente conseguiram furar as defesas belgas, graças aos obuses de 42 cm "Big Bertha" da Alemanha, e aos obuses de 30,5 cm dos austríacos (pegos emprestados).

O Forte La Chartreuse, serviu de quartel general para os belgas em 1914,
porem a queda da Bélgica permitiu aos alemães o seu controle até 1918.

A força belga e seus soldados

       
        Embora a resistência fosse heroica por parte dos soldados belgas, que resistiram contra os alemães a tempo suficiente dos exércitos franceses e britânicos se organizarem, as tropas belgas eram consideradas antiquadas não pelo método de luta, mas em questão de uniformes, divisão do exercito e armas.
         Enquanto os alemães mobilizavam suas tropas através de trens, carroças e até mesmo caminhões (os primeiros a serem utilizados para fins militares), os belgas mobilizaram-se em marcha a pé, no qual equipamentos como metralhadoras eram puxadas por cães, e muitos de seus canhões se locomoviam através da força humana. Mas o que colocou os belgas á frente das demais nações, foi a utilização do primeiro carro blindado do mundo: o Carro Blindado Minerva, que entrou em ação em 1914 contra os alemães, cujo armamento era uma metralhadora Hotchkiss de 8 mm.
         Um dos problemas era algumas divisões militares de caráter antigo ,como é o caso do uso extremo da cavalaria (lanceiros, orientadores, caçadores), grupos de carabineiros (século XIX) ,etc. Mas o que mais prejudicou os belgas foi os uniformes militares, com a sua coloração azul escura (mais do que a utilizada pelos franceses)e chapéus característicos do século XIX.
       Entre 1914 e 1915, a Bélgica seria totalmente conquistada pelos alemães, levando o rei Alberto I a criar um governo de resistência exilado em Paris e Londres, incentivando a liberdade da Bélgica, aos soldados belgas que conseguiram fugir para a França, Inglaterra ou Holanda. A partir dai seus uniformes assumiriam características á dos franceses entre 1916 á 1918, porem com cor marrom para melhor camuflagem perante o inimigos. Mas estes detalhes veremos mais adiante................

Característica dos soldados belgas em 1914




























Para saber mais, entre no site:
http://www.grandesguerras.com.br/cronologia/relacao01.php?ev_id=570&guerra=1

Livro: Men at Arms series: The Belgian Army in World War I
Escrito por Ronald Pawly & Pierre Lierneux
Ilustrações de Pierre Lierneux

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Soldados rumo ao fronte: os franceses
Soldats vers le front: le français

Soldados franceses em uma trincheira
em 1917

O Revanchismo entre franceses e alemães


      1 de Agosto de 1914, os franceses agora estão conscientes do risco de uma guerra contra o Império Alemão, aquela mesma nação que os humilhou em 1871 com a assinatura da rendição francesa e reconhecimento da unificação alemã assinada no Salão dos Espelhos, no Palácio de Versalhes em Paris, logo após a Guerra Franco-Prussiana (1870-1871).
      Os franceses diziam pelas ruas de Paris:
      " - Esta na hora de reconquistarmos as regiões antes pertencentes a nós, este é o momento para darmos uma mão aos nossos irmãos da Alsácia e Lorena, para que assim possam se libertar da tirania do Kaiser alemão".
      O revanchismo entre franceses e alemães é datado desde a antiguidade clássica, no qual os povos da Gália (atual França) já tinham certos atritos com os povos da Germânia (atual Alemanha). Na Idade Média, principalmente no reinado de Carlos Magno, ambas as regiões foram anexadas, formando assim o Sacro Império Romano, porem mais tarde o reino foi dividido em três: Frância Ocidental (atual França), Frância Oriental (atual Alemanha) e Lotaríngia (atual norte da Itália).
      Mas a divisão deste império resultou na luta entre seus lideres pela reanexação dos territórios novamente. E por séculos os franceses estiveram sempre em conflito com os alemães, por exemplo a Guerra dos Trinta Anos, Guerra dos Sete Anos, As guerras Napoleônicas, e por fim a a luta entre a França e Prússia entre 1870 e 1871.

Mobilização para a guerra

Tropas francesa se mobilizando

      O momento mais aguardado pelos franceses estava chegando: enfim uma oportunidade de vingar a derrota de 1871 e clamar para si novamente os território de Alsácia e Lorena. Não sabe-se ao certo o numero de soldados que a França conseguiu recrutar para a guerra, mas acredita-se que o numero estava um pouco abaixo do que o obtido na Alemanha.
      O ano de 1914 foi tão agitado quanto foi a Revolução Francesa em 1789, pois o nacionalismo (luta pela nação) chegou ao extremo, pelas ruas de Paris passavam os soldados em marcha, seguidos pela fantástica cavalaria francesa que seguravam estandartes, que continham flamulas francesa que dançavam com o vento.
      A principio os soldados marchavam até as estações ferroviárias, nos quais pegariam trens rumo a frente de batalha, carregando não só combatentes, mas também canhões, armas, munições, cavalos (principal meio de transporte) e objetos de variados uso.
      Quando tudo estava pronto para a partida, o trem saia lentamente da estação no qual homens, crianças, mulheres e idosos se despediam desejando-lhes boa sorte no combate. A partida possuía um caráter triunfal, bandeiras francesas eram vistas por toda a estação, bandas musicais davam adeus ao som de "La Marseillaise" (hino francês) que invocava cada vez mais o espirito nacional,  e no rádio o presidente da época Raymond Poincaré realizava breves comentários para assim encorajar os soldados na luta.

Problema nos uniformes


      O primeiro exercito a adotar determinada cor para o uniforme de seus soldados foi a Inglaterra no século XVII, no qual os soldados deveriam usar vestimentas da cor vermelha. A França saiu em segundo lugar adotando a cor azul (simbolizando a casa real de Bourbon), que manteve-se em uso até mesmo após a monarquia, devido a comparação da cor ao poder (desde século XVI ao XIX).
      Napoleão modificou bem como os seus soldados deveriam se vestir, tanto que as cores variavam entre o azul, branco e vermelho (cores da Bandeira Francesa). Porem em comparação ao alemães, estas cores tinham um caráter de serem bem visíveis ao campo de batalha, comparado ao que ao exercito do Kaiser que agora utilizava a cor cinza (pouco mais fácil para camuflar-se em locais escuros).
      Quando os alemães encontraram pela primeira vez os franceses em campo de batalha, seus trajes eram ainda dos usados pela França em 1871: os chapéus e casacos de coloração azul escura, calças vermelhas ou de cor caqui, etc.Morreram mais franceses do que alemães no inicio da guerra devido a esse pequeno detalhe, que passou despercebido pelo governo francês.
     Mas em questão de armas os franceses estavam um tanto avançados, com suas metralhadoras Hotchkiss, fuzis Berthier e Lebel (modelos 1893), granadas Citron-Foug, e canhões de campo 75 mm (o melhor já utilizado).Com o tempo, muitas coisas mudariam no exercito francês, em questão do uso de capacetes, blindagem corporal, cor variada de uniformes, etc....
      Mas isto deixaremos para ver mais adiante.................
      


Típicos uniformes utilizados pelos franceses em 1914
A coloração azul e vermelha (ou caqui) foi a
grande preocupação do franceses


A imagem acima foi retirada do livro:

Men at arms series: The French Army 1914-1918
de Ian Sumner e Gerry Embleton

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Soldados rumo ao fronte: os alemães
Soldaten in Richtung der Stirn: die Deutschen

Soldados alemães em campo de batalha (1914)

      Finalmente chegou o dia mais esperados pelos jovens, principalmente para os alemães: após 43 anos de espera, uma guerra esta prestes a começar. Mas nada sabem aqueles que partiram para a frente de batalha (fronte) que esta luta armada entre nações teria características diferentes daquelas que eles sonhavam lutar. Seus pais e avós contavam histórias sobre a guerra entre os Prussianos e Franceses em 1871, que resultou na unificação dos reinos alemães no império Alemão (2° Reich).
      Estes jovens cresceram ouvindo e prestando atenção a cada detalhe do que ocorreu, mas não seria uma guerra que envolveria simplesmente canhões, cavalaria e infantaria. Esta luta teria um caráter sujo devido ao ambiente de luta (lama e pragas como ratos), de pouco movimentos e ânimos devido aos posicionamentos na trincheiras por dias, meses e anos. Na questão bélica, armas como metralhadoras, minas, lança-chamas, submarinos e aviões, revolucionariam as futuras guerras que resultariam em milhares de mortos.
      Vamos ver um pouco do preparo alemão, na mobilização de tropas, recrutamento e partida rumo ao fronte. Também veremos a vestimento do soldado alemão e seus equipamentos de uso na guerra, comparado ao exercito de 1871.

Mobilização

Tropas alemãs aguardam as ordens de avanço sobre a fronteira com a Bélgica
      
      Em julho de 1914 a Alemanha possuía 840.000 soldados, considerado o segundo maior exercito da Europa, ficando atrás apenas do Império Russo. Deste soldados, 655.200 eram da Prússia, 92.400 eram da Bavária, 58.800 da Saxônia, 33.600 de Württemberg (atual estado de Baden-Württemberg). O líder supremo das forças armadas alemãs era o próprio Kaiser (imperador) Guilherme II, seguido de seus generais.
      Poucos dias antes da guerra começar, a Alemanha já estava um tanto preocupada no caso de haver uma guerra, pelo fato do tesouro nacional alemão não possuir dinheiro suficiente para investir no país (melhorias), e em armas e tropas. Por isso o Kaiser Guilherme II se reuniu diante do Parlamento (conhecido como Reichstag)para fazer-lhes um pedido de crédito (dinheiro) que seria investido na guerra, o crédito foi de 1 Trilhão de Marcos.Mas é claro que o Kaiser pretendia devolver o empréstimo aos parlamentares, que por sua vez eram membros da burguesia industrial e comercial.
      O recrutamento segui a seguinte ordem: jovens entre 17 á 20  e de 39 á 45 anos se tornavam "guardas territoriais" (Landsturm), alguns entre 21 á 22 anos se tornavam "soldados permanente" (Stehendes Herr) ou membros da "reserva suplementar" (Ersatzreserve), de 23 á 27 anos eram "reservas" (Reserve), de 28 á 38 anos se tornavam membros do "exercito territorial" (Landwehr). O recrutamento aumentou rapidamente o numero de soldados alemães que lutariam na guerra.
      A mobilização começou em 1 de agosto de 1914, no qual 1.485.000 soldados alemães reunidos em Berlim (capital) marcharam (á pé) rumo a fronteira ao território da Alsácia e Lorena, que ligava a fronteira entre Alemanha, Bélgica e Luxemburgo. Destes soldados, 345.000 ficariam na defensa do território da Alsácia e Lorena, em caso a França iniciasse uma invasão á Alemanha.
      Em 3 de agosto, as tropas alemãs entraria em território belga (considerado uma nação neutra) desrespeitando a permissão de livre acesso. Neste mesmo dia a Bélgica declararia guerra a Alemanha, e a Grã-Bretanha seguindo um acordo feito coma Bélgica no século XIX, também entraria na guerra contra o Império Alemão.

O Soldado AlemãoUniforme, equipamentos e armas



Trajes alemães dos anos entre 1914 e 1915
na Primeira Guerra Mundial
      Mudou-se muito em questão de arma, equipamentos e vestuário utilizado pelos alemães desde a Guerra Franco-Prussiana (1870-1871) ao inicio da Primeira Guerra Mundial entre 1914-1915. Não utilizava-se mais os antigos uniforme que variavam entre azul, verde e branco, a cor utilizada agora é cinza para melhor camuflagem em terrenos escuros ou terras secas. 


      Suas bolsas não são mais pesadas pelo fato de carregarem outros uniformes de reserva e cobertores, agora que lhe fornece tudo isso é o próprio quartel de campanha, suas bolsas agora somente carregam o necessário: munição, pequenos bens de valor,equipamentos de primeiros socorros, etc. Na cabeça, utilizam o Pickelhaube (primeiro capacete confeccionado em couro, envernizado, e com ponteira) ou simplesmente um boné sem aba.
      As armas agora são os rifles K98, granadas Stielhandgranate, metralhadoras MG08, e canhões entre 72 e 303 mm. Chega dos velhos mosquetes e canhões de campo utilizados contra os franceses em 1871.
      Mais adiante, entre 1916 á 1918, muitas coisas mudaram no exercito alemão como por exemplo: o Pickelhaube sera substituído pelo capacete de aço "Stahlhelm" (Pickelhaube de uso exclusivo aos generais e membros do alto-escalão), algumas tropas utilizaram armaduras a prova de balas, surgimento da submetralhadora MP1918, e entre outras coisas, que deixarei para dizer mais adiante.....




A maioria dos dados foram obtidos no livro:

coleção Men at Arms
The German Army in World War I (1) 1914-1915
Escrito por Nigel Thomas
Ilustrações de Gerry Embleton

Para maiores informações e detalhes, o livro esta disponível (em inglês) para download no site:

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Primeira Guerra Mundial: o inicio


Primeira Guerra mundial: o inicio


Alianças na Europa em 1914
Podemos ver a Alemanha, Áustria-Hungria e Itália formando a Tríplice Aliança (beje)
A França, Grã-Bretanha e Russia formando a Tríplice Entente (verde escuro)
Os países eslavos aliados á Russia (verde claro)
E os países neutros (rosa), alguns até 1915

      Madrugada do dia 31 de Julho para 01 de Agosto de 1914, faltam poucos minutos para o fim do verão e inicio do outono europeu. Neste momento o ministro das relações exteriores da Grã-Bretanha, Sir Edward Grey ao observar de sua casa as luzes se apagando rua abaixo, teria dito:
      - "As luzes estão se apagando por toda a Europa. Nunca mais a veremos acesas novamente".
      Para muitos esta frase não faz o minimo sentido, porem quando Sir Edward Grey disse esta frase, faltava pouco para o inicio da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), pois em 02 de Agosto de 1914 a Russia iniciaria a invasão á Prússia Oriental (pertencente ao Império Alemão), seguido pela invasão alemã ao território neutro da Bélgica (dia 04). Mas o porque de uma guerra que viria a envolver o mundo todo?
      Acredita-se que o gérmen do conflito, foi o resultado obtido  após a Guerra Franco-Prussiana (1870-1871) no qual a Prússia após vencer a França, teria unido os reinos germânicos sob soberania prussiana em um único país: o Império Alemão (1871-1918), que procurou isolar a França de apoios políticos através da politica do chanceler alemão Otto Von Bismarck, que pretendia isolar os franceses do resto do mundo.
      Outra possível causa era os 34 anos após a chamada "Partilha da África", no qual o Império Alemão teria saído em desvantagem comparado á Grã-Bretanha e França que construíram no Continente Africano, verdadeiros impérios coloniais. Outra que saiu com a mesma desvantagem foi a Itália.
      Muitos acreditam que esta desvantagem por parte da Alemanha e Itália, é devido a sua tardia unificação de territórios (final do século XIX).
      A chamada "Paz Armada" proposta por Bismarck, dizia que as nações europeias deveriam se rearmar o máximo possível em caso houvesse uma possível guerra, porem deveria-se prevalecer a paz (que na verdade não houve). A Crise Balcânica (luta pela península dos Bálcãs) da década de 1910, foi um possível resultado da "Paz Armada".
      O "Nacionalismo" é a próxima causa pois desde o final do século XIX, a ideologia de união entre povos de idiomas idênticos, circulavam Europa adentro principalmente entre os povos de língua germânica e eslava, surgindo assim o Pan-Germanismo e o Pan-Eslavismo.
      O próxima causa é considerada o estopim da Grande Guerra (1914-1918), o assassinado do Arquiduque e herdeiro do Império Austro-Húngaro dos Habsburgos, Francisco Ferdinando (ou no alemão Franz Ferdinand) e de sua esposa Sofia, a duquesa de Hohenberg (distrito localizado na Baixa Áustria) em 23 de junho de 1914. O assassino foi o estudante sérvio Gavrilo Princip que atirou contra o carro que levara Francisco Ferdinando e Sofia pelas ruas de Sarajevo, Bósnia-Herzegovina que pertencia ao Império Austro-Húngaro.
      Após a prisão de Princip, ficou esclarecido que o estudante não agiu sozinho (estava acompanhado) e que pertencia a uma organização nacionalista sérvia chamada Mão Negra (ou também conhecida como Unificação ou Morte), que recorreu ao terrorismo como forma de atividade política, cujos elementos eram ligados ao "Pan eslavismo".
      Passado um tempo, o Império Austro-Húngaro envia para a Sérvia o Ultimato de Julho (23 de Julho de 1914), no qual os sérvios deveriam aceitar as propostas feitas pelos austro-húngaros. O ultimado dizia o seguinte:


  1. Suprimir qualquer publicação que incite o ódio e a desobediência a monarquia austríaca;
  2. Dissolver totalmente a sociedade Narodna Odbrana ou qualquer outra sociedade que engajasse a propaganda anti-austríaca;
  3. Eliminar as instituições publicas sérvias quaisquer aspectos que serviam para fomentar a propaganda anti-áustria;
  4. Remover do serviço militar, todos os oficiais ligados a propaganda anti-áustria, oficiais que deveram ter seus nomes dados ao governo Austro-Húngaro;
  5. Aceitar a colaboração do governo austro-húngaro na supressão de movimentos subversivos direcionados contra a integridade territorial da monarquia;
  6. Iniciar uma investigação judicial contra os cúmplices de conspiração de 28 de junho que estão em            território sérvio, com órgãos delegados pelo governo austro-húngaro fazendo parte da investigação;
  7. Prender imediatamente o Major Voislav Tankosic e o oficial sérvio Milan Ciganovitch, comprometidos pelas investigações preliminares empreendidas pela Áustria-Hungria (os dois eram lideres do grupo Mão Negra);
  8. Providenciar por meio de efetivas medidas a cooperação da Sérvia contra o tráfico ilegal de armas e explosivos através da fronteira;
  9. Fornecer a Áustria-Hungria explicações sobre declarações de altos oficiais sérvios tanto da Sérvia quanto no exterior, que expressaram hostilidades para a Áustria-Hungria;
  10. Notificar a Áustria-Hungria sem demora a execução dessas medidas;
      Quando o documento foi elaborado e despachado para a Sérvia, o ministro das relações exteriores Sir Edward Grey (citado anteriormente) descreveu o ultimato como "o documento mais formidável já endereçado de um estado para outro".A Sérvia quase aceitou todas as propostas feitas pela Áustria-Hungria,  negando a demanda numero 6, no qual o Império Austro-Húngaro faria parte da investigação judicial.
      Com esta medida, o Império Austro-Húngaro decidiu entrar em guerra contra a Sérvia, porem os sérvios tinham uma aliança com a Russia que viria auxiliar o seu aliado no conflito. Desta maneira, a Áustria-Hungria contou o apoio do Império Alemão, que no entanto entraria em guerra contra a França, que viria ao socorro da Russia. A guerra estava para começar, primeiramente a Europa e depois o mundo se encontrariam divididos em dois blocos de alianças: os Impérios Centrais ou Aliança (Império Alemão, Áustria-Hungria, Itália até 1915, Império Turco Otomano e Bulgária em 1915) e a Entente (França, Inglaterra, Bélgica, Russia até 1917, Estados Unidos em 1917, etc).
      Mas voltemos a frase de Sir Edward Gray, o que ele quis dizer: "As luzes estão se apagando por toda a Europa. Nunca mais as veremos acesas novamente"? A luz no qual ele diz é a esperança do povo europeu, antes crente nas idéias do século XIX, no qual o século seguinte (século XX) se tornaria famoso pela paz que reinaria para sempre.
      Os jovens do século XX, quando completavam 18, 19 ou 20 anos ficavam ansiosos para participarem de uma guerra, principalmente por não haver nenhuma no continente europeu á 43 anos ( a ultima foi a Guerra Franco-Prussiana), mas estavam cientes de que a paz prevaleceria.......estavam enganados.

Continua na próxima postagem......